Friday 29 June 2007

realizando toda minha megalomania

slavoj zizek, um dos ilustres a dar aula onde, com sorte, estudarei.

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Thursday 28 June 2007

e então estar de volta muito em breve. mas de passagem, como visita na minha própria casa. fico dizendo pra mãe desfazer meu quarto mas, no fundo, acho que derramaria uma lágrima se meu espaço naquela casa não tivesse mais a marca física do quarto. e aqui, que falta me faz um, não por símbolo, mas por espaço físico mesmo. não tenho onde colocar meus livros, não gosto de arrumar minha cama (mas minha amiga gosta e eu divido com ela o espaço). a minha londres às vezes é meio precária. não temos onde estender roupa. outras vezes é totalmente feia, ainda mais comparada a paris. mas feia no geral mesmo, porque não é bonita nem majestosa nem parece muito com aquilo que a gente acha que a europa se parece. mas pelo menos tem mercadinhos 24 horas e os transportes são mesmo um arraso. além, é claro, de que é plana, amiga da caminhada. porto alegre com aquelas lombas não dá, e ainda o medo de ser assaltada ou coisa pior. aqui não tem isso, ou quase não tem. é de verdade uma alegria e torna esse aspecto violento do brasil inaceitável, aberrativo. sublinha a nossa insegurança, o cárcere em que a gente vive no brasil, aquela angústia ao enfiar a chave na porta e tentar ser muito rápido para entrar de um vez. aqui a gente resgata o direito de se locomover a pé, seja de dia ou de madrugada. um sentimento parecido com o que eu lembro de sentir quando ficava de férias em garopaba. andava de bicicleta pela cidade inteira, ia na praia sozinha. a praia aqui é ir no parque, deitar na grama, fazer piquenique e até tomar um banho de sol de biquini na maior naturalidade. ah, e o sol de londres: ainda não entendi bem isso, mas o sol de londres parece mais claro do que o de porto alegre. a gente sai na rua num dia de céu bem aberto e fica com os olhos ofuscados, dói, é difícil de enxergar. e assim mesmo londres-cinza, rainny-london, sempre na idéia pelo menos, mas o pior é que chove mesmo, além de que não dá pra confiar muito que se terá verão. todo o fim de dia é frio, o vento é constante e há dias de verdadeiro inverno, ou pelo menos inverno porto-alegrense. aliás, comecei dizendo que ia a porto alegre e acabei me perdendo em londres. quem sabe porque esteja indo em caráter temporário e aqui esteja o que na minha vida eu começo a chamar de permanente.

Sunday 24 June 2007

não consigo engrenar numa leitura diária dos jornais londrinos e, como nunca, leio a folha
religiosamente. não sei porquê também tenho pensado muitas vezes em quanta coisa tenho pra
dizer mas escrever é sempre uma idéia que contrai os meus músculos. em londres eu já me
acostumei até com o trânsito mas falta agora entender na prática que aqui é a minha vida, e
não adianta ficar esperando o momento em que a casa será melhor ou que eu terei um quarto só
pra mim ou que haverá lugar pra meus livros. mais uma vez, devo me lembrar de que a vida é
agora, não estou ensaiando. ou, se existe tal coisa como um ensaio, posso considerar que já
está mais do que na hora de decretar o fim deste que, digamos então, começou em setembro
quando saí de porto alegre rumo a paris.
porto alegre. mato a saudade assistindo a clichés nos curta-metragens gaúchos disponíveis no
youtube. porto alegre é cliché. é aquela ânsia por ser melhor que as outras, mais bonita que
as outras, mais cultural que as outras, mais rock, mais underground. é todas aquelas
locações exauridas rapidamente na produção audiovisual gaúcha. é guaíba, pôr-do-sol,
ocidente, é ânsia, é casa de cultura e o viaduto da borges sem consequência.
aqui não dá pra reclamar da falta do que fazer. seria impossível esgotar as exposições de
arte em cartaz antes que elas saíssem de cartaz. mas eu já sabia há muito tempo que a
questão nunca foi oferta de passa-tempos, por mais altamente qualificados que eles sejam.
eu tinha começado aqui com a idéia de escrever sem ponto nem vírgula, num jorro, fluxo de
consciência, mas meu formalismo me impede. e até fico meio constrangida quando concedo abrir
mão da trema (caiu, não é?). em contraste com a minha precária performance na língua da minha atual vida isso soa até gracioso. pra quem cora ao deslizar em português, a vida em inglês, por melhor que seja, dá a impressão de que será sempre um arremedo, uma aproximação do que seria a vida. há sempre aquilo que não é possível dizer ou entender, e eu me sentindo como que a personagem de mim mesma. dando o máximo, mas sabendo que o máximo já está de antemão descartado, inatingível. como de fato sempre foi, mas desta vez é um impedimento palpável, limitação que tem causa e nome, e não aquela vaga nuvem caótica e turva, turva. aquela nuvem caótica e turva que sempre me desconsertou.
ainda o mesmo medo louco de que seja possível alcançar.

 
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