Monday 14 January 2008

é uma coisa que não vou aprender
qualquer direção não é a da saída
mas volto a querer fugir
e tento dizer isso com as palavras que mais se pareçam com as minhas
como se dizer fosse expelir
mas o diabo é que não é
estou prestes a tomar uma decisão
eu quero fazer poesia ou tentar entender?
sou uma péssima poeta
e enquanto escrevo posso sentir a força que dirijo sobre a minha força
é trapaça dizer que não é meu o empurrão
desde o primeiro movimento
mesmo que eu nem me reconheça nesse discurso
mesmo que não consiga rastrear o meu caminho
agora qualquer palavra me parece imprecisa
assim qualquer palavra me parece falsa
que bom se a palavra fosse mais que a palavra
(toda palavra já nasce morta, isso sempre)
(ou é esse meu engano capital)
que bom se lida a palavra se transformasse
não pra reviver a palavra e sim pra salvar o dia
como é possível que eu ainda elabore numa hora dessas?
sendo espontânea não me reconheço
se isso aqui fosse poesia ainda assim não bastava
não é escrever, não é londres, não é renato ou francisco ou qualquer nome de homem
ou de mulher
não é o pai, não é a mãe
não é que eu queira ir pra praia
ou pular o futuro imediato
ou pular o presente ou esquecer alguma coisa
tampouco é querer lembrar
(não adianta chamar a psicanalista)
eu não quero lembrar e ter afeto pela memória
cresce o nó e o tempo não vai ter fim
e se eu fosse viajar até não ter mais dinheiro
e depois se via?
qualquer idéia é repetição
e nem é hora de idéias
juro que não sei daonde vim
nem pra quem mandaria essas notas
nunca achei que falar ajudasse
a não ser que ajuda fosse a impossibilidade de retroceder o falar
(não é preciso filosofar sobre essa impossibilidade, é auto-evidente)
mas como seria bom se falar ajudasse
eu falaria, como falo, e falaria mais
mesmo que nunca conseguisse
transformar o nó em poesia

1 comment:

Anonymous said...

saudades, princesa. ;-)))

 
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